Notícia: Veja os discursos proferidos no evento em homenagem aos Drs. Rogério Paciléo Neto e Dr. Paulo Cornacchioni, na Noite Italiana da AATSP

Confira aqui os discursos proferidos no evento em homenagem aos Drs. Rogério Paciléo Neto e Dr. Paulo Cornacchioni, na Noite Italiana da AATSP, dia 26/04/2018.

Excelentíssimo Senhor Presidente, da Associação dos Advogados Trabalhistas, Dr. Lívio Enescu, na pessoa de quem saúdo todos os advogados presentes;
Saúdo todas as autoridades presentes;
Excelentíssimo Senhor Doutor Rogério Paciléo Neto;
Excelentíssimo Senhor Doutor Paulo Cornacchioni;
Excelentíssima Senhora Madalena Cornacchioni;
Senhoras e Senhores,
Nada mais oportuno do que a ideia desta Associação em homenagear nomes relevantes de nossa Justiça, gravando de forma permanente seus nomes no rol dos Heróis da Advocacia Trabalhista.
Hoje homenageamos dois importantes advogados, Dr. Rogério Paciléo Neto e Dr. Paulo Cornacchioni!
Por obra do destino, em substituição ao orador antes escolhido e que não poderá comparecer hoje, o meu amigo José Augusto Rodrigues Júnior, a quem espero representar de forma satisfatória, poderei eu, um advogado de menor expressão, ter a honra de discursar em homenagem ao meu querido amigo PAULO CORNACCHIONI.
Digo de plano, não é fácil falar do Paulo; menos ainda falar, sem me emocionar, para o Paulo, mas, com ousadia, escrevi umas poucas linhas sobre este grande advogado que conheci logo que aqui cheguei no início de 1989 e que foi, é e será um dos meus paradigmas!
Lembro-me de chegar na Matarazzo, após uma das primeiras audiências, contando que o advogado do reclamante havia me ajudado me explicando como funcionavam as coisas naquela Junta, e o Homero Alves de Sá, então chefe do jurídico, foi logo falando, deixa eu ver, e olhando a ata exclamou: “ah, é o Paulo, o melhor advogado que conheço, grande amigo, você vai gostar dele”… eu já havia gostado.
Paulo é de Batatais, nascido em 20/02/1933, mas, ainda menino, aos 12 anos, mudou-se para a Capital para estudar, vindo morar com um tio materno.
Se a genética o privilegiou com uma inteligência rara, característica de toda a família Cornacchioni, não tenho dúvidas de que foi a determinação que fez dele e seus irmãos um trio de advogados brilhantes – Pedro, Paulo e João.
Paulo é segundo de quatro irmãos, ladeado por Pedro, o primogênito, e por João, o terceiro, a quem presto as minhas homenagens e a minha admiração; seguiu como os irmãos o caminho do estudo do Direito. Por último, veio a professora Maria Tereza, formando o quarteto de filhos do alfaiate Sr. Giovane e da professora D. Altina.
Cheguei a conhecer o Sr. Giovane, falecido lá pelos 105 anos de vida ativa e de dedicação aos filhos e netos.
Estudioso, Paulo formou-se nas Arcadas na turma de 1957, dividindo os bancos acadêmicos com nomes como os de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Ada Pellegrini Grinover, Fernão Carlos Botelho Bracher, Ivette Senise Ferreira, José Afonso da Silva, Paulo Lúcio Nogueira, Theodoro Carvalho de Freitas, Modesto Souza Barros Carvalhosa, Márcio Martins Bonilha, Dalmo de Abreu Dallari, Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira e Mário Masagão Filho.
Sua colega Ivette, em discurso proferido em 2010, fez uma brilhante digressão sobre ética, justiça e moral, é deste discurso da minha especial amiga, que busco trecho sugestivo de ensinamentos que sempre fizeram parte indissociável da vida e da profissão abraçada por Paulo Cornacchioni.
Na oportunidade, citando Reale disse a sua colega, Paulo, depois professora e Diretora das mesmas Arcadas, que “à ética cabe determinar os valores supremos do comportamento humano, ou seja, os fins que mais dignificam a nossa existência, enquanto que compete à moral extrair dos princípios éticos as regras que devem presidir a conduta de tal modo que cada ser humano possa se realizar, segundo a sua capacidade e vocação, em harmonia com igual objetivo dos demais em uma comunidade equânime e justa”. E ainda, “É intuitivo verificar que os valores da cidadania se inserem nesse fundamental contexto ético, no qual se situa também o direito, cujo valor próprio é a justiça”.
Você, Paulo, fez destas lições de Reale uma regra de sua conduta pessoal e profissional, mas, não tenho dúvidas de que, além disso, acrescentou uma dose incalculável do que Nelson Kojranski chamava de binômio amor/dignidade.
Dizia o meu saudoso amigo Nelson:
“O que mais importa, hoje como antes, sempre e sempre, é amar a carreira com o sentimento de pureza da afeição profunda e fiel que se devota intensamente à única e mesma amada. O que importa é amar, sem estabelecer como pré-requisito necessário outro binômio, de ordem estritamente mercantil, difundido como “custo/benefício”. O que importa é ser devoto à profissão, independentemente do resultado material imediato ou mediato. O que importa é a dedicação à advocacia com o propósito de cumprir seu ideário de bem servir à sociedade. O
que importa é ser fiel à carreira, ainda quando o resultado do seu trabalho não corresponda à sua expectativa. O que importa é amar a advocacia com afeição tão desmedida, que as inevitáveis adversidades opostas não lhe diminuam o ânimo e a confiança de prosseguir na luta pelo bom combate. O que importa é amar a advocacia com absoluta credibilidade na Justiça, mesmo quando proclama, a seu ver, decisão incorreta.”
Eu não teria palavras mais adequadas para definir o advogado Paulo, do estas que pedi emprestado para Ivette e Nelson. Você não só fez de sua vida profissional um ideário, meu caro Paulo, como transmitiu estas lições com afinco, exemplo e determinação aos seus filhos Mônica, Paulo Sérgio, Patrícia e Heitor.
Dois seguiram a mesma carreira no Direito, duas seguiram passo a passo, bebendo da mesma fonte de ética, direito e justiça!
Paulo Sergio, aluno brilhante da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é Procurador de Justiça e seguindo a tradição da família, pai do jovem Juiz do Trabalho Dr. Diogo de Lima Cornacchioni.
Heitor, formado nas mesmas Arcadas, meu amigo-irmão, advogado que melhor representa pra mim o que seja a inteligência aliada ao correto e vasto conhecimento jurídico e lógica interpretativa, é com ele que eu aprendo todos os dias em nossas conversas e embates por telefone ou pela internet.
Mas, com muita ousadia, digo sem medo de errar que a vida do Paulo começou mesmo foi em 1958, após criar a banca em sociedade com João Maurício Cardoso, saudoso amigo de quem também guardo boas recordações, foi ao lado de uma mulher excepcional que iniciou sua própria família, casando-se em outubro daquele ano com D. Madalena, moça da vizinha Brodowski, e que, portanto, neste ano completam 60 anos de matrimônio.
A grande mulher escolhida para mãe de seus filhos, caro Paulo, jamais esteve atrás do grande homem com quem se casou, não seguiu D. Madalena o ditado popular; esteve ao seu lado, Paulo, de mãos dadas, construindo junto tudo isso que representa esta família maravilhosa e admirável. A ela a minha mais sincera admiração e afeto.
Eu poderia aqui, Senhoras e Senhores, continuar discursando sobre a atuação do Paulo junto aos mais diversos Sindicatos; poderia falar de sua vida dedicada ao direito dos trabalhadores; dizer de sua advocacia simples e nem por isso menos sofisticada; falar de uma redação impecável, de sua cultura e de sua generosidade em dividir com todos o tanto que a vida lhe ensinou, mas já falei bastante, fiz aqui apenas um resumo de uma vida memorável e que, em boa hora, resolvemos, no Conselho da Associação, homenagear.
Mas não posso terminar sem pontuar o momento estarrecedor da vida brasileira, onde notamos e vivenciamos diariamente o desprezo não apenas de princípios normativos, mas, principalmente, dos princípios morais e éticos; a intencional confusão entre o público e o privado por parte de nossos governantes, a troca do mérito e da competência pelo compadrio,
o comportamento totalmente divorciado da ética pela própria advocacia, tudo isso que vemos com tristeza se apresenta para os mais jovens como um aparente caminho sem volta, uma encruzilhada onde os dois caminhos se mostram igualmente nebulosos e inseguros, mas nada disso é novidade, em muitos momentos da história já estivemos e nossos antepassados com certeza, em condições semelhantes.
Se em outros tempos as incertezas e até as trevas fizeram os nossos destemidos antepassados, levando na bagagem apenas a esperança, buscarem uma vida melhor num lugar completamente desconhecido, não seria hoje com todo o conhecimento que não poderemos seguir adiante. Atualmente, com simples aplicativos de celulares, podemos nos transportar para qualquer lugar do globo terrestre, saber tudo sobre tudo, só não aprendemos como enxergar o que se passa no coração dos homens.
E falo, para terminar, justamente aos mais jovens, pois são nesses momentos de dúvida e aflição que precisamos da certeza que nos transmitem os homens de bem, como os homenageados Paulo e Rogério, pois é hora de buscarmos inspiração nesses Heróis que hoje festejamos e, digo mais, de voltarmos os olhos para o passado, de voltarmos para Batatais, para Brodowski, para Silva Jardim, para Grama, nos inspirarmos na coragem e na esperança de nossos antepassados e seguindo os nossos corações, irmos em frente, sem esmorecer, pois a verdadeira justiça precisa da força, da ética e da dignidade dos homens de bem.
Eu, pessoalmente, meu caríssimo amigo Paulo, só posso lhe dizer que estou à postos, pronto para continuar seguindo na busca de um mundo mais justo e fraterno, só podendo lhe agradecer todo o carinho, a atenção e a amizade que sempre me dispensou e que tanto contribuiu para uma formação mais plural e humanista deste seu admirador.
Desejo-lhe de todo o coração, saúde e força para ao nosso lado, continuar na luta.
Muito obrigado.
EUCLYDES JOSÉ MARCHI MENDONÇA

 

Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo – Incansável na luta pelos Advogados e Sempre Vigilante na Defesa dos Advogados Trabalhistas de São Paulo.

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