Palavra do Presidente: 21/01/2016

Caros amigos,

Meu pai, Alexandre, nasceu em junho de 1916 e faleceu em 1996. Minha mãe, Dina, nasceu em outubro de 1922 e faleceu em 2011. Casaram-se em janeiro de 1942. Entre os anos de 1939 e 1945 correram risco de morrer por um motivo inexplicável até para um ser humano de pouca sensibilidade: os meus pais eram judeus numa Europa em guerra. Por pouco eu e meus irmãos, ainda não nascidos, hoje não existiríamos.

Isso se deu pela trágica Segunda Grande Guerra Mundial, na qual faleceram milhões de pessoas que fizeram, fazem e farão muita falta à humanidade. Nada representa mais a fúria da besta fascista do nazismo do que a criação e manutenção dos campos de concentração e extermínio. O supremo exemplo da barbárie organizada dos nazistas foi o campo de Auschwitz, maior símbolo do Holocausto.

A partir de 1940, o governo do nefasto Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio em massa. O motivo para sua construção foi o fato o elevado número de prisões de judeus cujos países haviam sendo invadidos e conquistados pelas tropas nazistas. Eram tantos que não cabiam nos presídios até então existentes. Auschwitz foi o maior conjunto de campos de concentração nazista. Sim, não era um campo, mas sim vários campos num conjunto chamado Auschwitz, na Polônia.

Em 27 de abril de 1940, outro canalha nazista e assassino, Himmler, membro SS, deu ordens para que uma área de antigos alojamentos do exército fosse transformado em campo de concentração. O complexo construído, Auschwitz II – Birkenau foi designado por ele como campo de extermínio e definido como o lugar para a “Solução Final”, a eliminação dos judeus. Entre o começo de 1942 e o fim de 1944, inúmeros trens transportaram judeus de toda a Europa ocupada para as câmaras de gás do maldito campo. Hoje em dia os números mais aceitos dão conta que foram assassinados neste campo em torno de 1,3 milhão, sendo 90% judeus. Outros deportados para Auschwitz e executados foram 150 mil poloneses, 23 mil ciganos romenos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos, cerca de 400 Testemunhas de Jeová e dezenas de milhares de pessoas de diversas nacionalidades. Aqueles que não eram executados nas câmaras de gás morriam de fome, ou nas marchas quilométricas extenuantes, doenças infecciosas, trabalhos forçados, execuções individuais ou experiências médicas.

Em 27 de janeiro de 1945, sábado, os campos foram libertados pelas tropas soviéticas, especificamente pela 322ª. Divisão de Rifles do 60º. Exercito de Frente Ucraniana do Exército Vermelho. Este dia é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 60/7). Os soviéticos quando lá chegaram enfrentaram uma forte resistência nazista, que causou a perda de 231 homens do contingente dos libertadores. Foram encontrados além dos sobreviventes, quase 350 mil ternos, aproximadamente 840 mil vestidos, milhares de óculos, cabelos humanos e calçados, inclusive de tamanhos infantis. Dados oficiais registraram três mil prisioneiros libertados, quase mortos, devido às condições deploráveis que se encontravam. Dos libertados, 180 eram crianças e 52 tinham menos de oito anos de idade.

Nesta próxima quarta feira se relembra a tragédia humana nos 71 anos passados da libertação do campo de concentração de Auschwitz. A minha preocupação não é lhes fornecer dados históricos. Já há farta documentação e literatura a respeito.

O que pretendo e este é meu único objetivo neste texto, é convidar todos vocês, nesta quarta feira dia 27 de janeiro, para que junto comigo, destinem, sozinhos ou acompanhados, um momento deste dia a orar, refletir ou que ofereçam apenas um simples momento de silêncio à memória de todas as vítimas daquela insanidade humana ocorrida no passado, assim como também o foi a escravidão do povo da Africa, e ainda hoje são os desprezíveis atos de discriminação de raça, credo, gênero, opção sexual, de situação econômica e social. Enfim, que as vítimas da intolerância, do passado e do presente sejam lembradas e homenageadas.

Que Deus perdoe a Humanidade pelo caminho errado que muitos de seus membros, infelizmente, tomaram.

Estamos juntos na solidariedade e na busca por justiça.

Abraços.

PS. Todo o ano eu coloco esse texto aqui no Face, apenas atualizando-o, em homenagem aqueles que morreram, vitimas do crime de discriminação, qualquer que seja ela.

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Lívio Enescu
Presidente
Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo – Sempre Vigilante na Defesa dos Advogados Trabalhistas de São Paulo.

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